Primeiro eu vi o Resgate do Soldado Ryan e, na época, fiquei
impressionado com aquele realismo brutal. Certamente, ao retratar a 2ª Guerra
Mundial, Spielberg arrebatou muita gente com o filme, junto com a Lista de
Schindler, rodado cinco anos antes, em 1993. E, ainda com Spielberg, recuando
ainda mais em sua filmografia sobre a 2ª guerra, Império do Sol foi outro que
também arrebatou, só que num sentido diferente. Ao contrário do impiedoso
Resgate do Soldado Ryan, Império do Sol é um filme com intenções pacifistas,
que nos mostra a experiência de uma criança diante da guerra.
Muitos afirmam que Spielberg foi absurdamente influenciado
por Vá e Veja na construção de O Resgate do Soldado Ryan e Império do Sol,
tanto é que se afirma que ele plagiou neste algumas idéias e maneirismos
visuais. Mas não fiz o comentário acima para se discutir tais questões, e sim
para criar um paralelo entre filmes hollywoodianos sobre o tema e filmes que
são de uma vertente extremamente diferente, sendo que verdadeiras obras-primas.
Assistir Vá e Veja é ter uma experiência cinematográfica
muito intensa e perturbadora. Vemos a saga de Florya (Alexei Kravchenko, numa
atuação extraordinária e na qual foi preciso que o ator passasse por um
processo de hipnose que é visível durante o filme), que se afasta de sua
família a fim de defender a pátria junto a resistentes da Bielorússia, mas que
posteriormente se vê abandonado, passando a presenciar uma série de atrocidades
do exército nazista. O diretor Elem Klimov se propôs a tentar narrar algo como
suas próprias experiências juvenis da 2ª guerra e nos deu um dos filmes mais
extraordinários sobre as mazelas físico e psicossociais sofridas durante a
guerra. É um filme bastante violento, mas não de uma "violência
gráfica", mas essencialmente psicológica. Os efeitos sonoros são geniais e
imprescindíveis para adentrarmos nas angústias de Florya que é um retrato
absurdo, trágico, delirante e fantasmagórico da perda da inocência.
(Chico Torres)
(Chico Torres)
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