Kazuko é uma policial que foi chamada para
investigar um assassinato em que a vítima foi esquartejada e suas partes unidas
a pedaços de manequins. Enquanto Kazuko tenta descobrir a história da vítima,
se depara com uma história tão chocante quanto o crime em si, a história de
duas mulheres que, apesar de demonstrarem grande inocência e delicadeza,
guardam os mais obscuros desejos dentro de si.
O cinema de Shion Sono é tão perturbador, conturbado e sangrento
quanto hipnotizante. Cineasta peculiar, o japonês assume a sua veia poética e
reflete-a sempre de uma forma ponderada nos seus filmes. Veja-se por exemplo a
atenção aos detalhes com que filma em "Guilty of Romance": a
repetição constante de cenas, os belos planos, a relação visceral entre as
personagens e o ambiente que os rodeia. Autor transgressivo, há tanto aqui de
satírico como cruel, especialmente na forma como é abordada de uma forma quase
obsessiva a forma como três pessoas diferentes encaram e se relacionam com a
sua própria sexualidade. O sexo e a morte sempre em sintonia como um bailado
sangrento que só Shion Sono sabe criar. Em "Guilty of Romance"
assume-se a forma de um thriller psicossexual poderosamente guiado pelas
excelentes interpretações das atrizes protagonistas (Miki Mizuno, Makoto
Togashi e Megumi Kagurazaka) que se entregam literalmente de corpo e alma a uma
história negra como esta. Uma história selvagem sobre desejo sexual,
auto-descoberta e descontrole que completa a Saga do Ódio do cineasta japonês,
composta pelos igualmente bons "Love Exposure" (2008) e "Cold
Fish" (2010). Funde-se entre a exuberância da fotografia de Sôhei Tanikawa
(Love Exposure) e a poesia da banda sonora de Yasuhiro Morinaga, para dar um
tom extremo a uma história que assume alguns contornos do cinema noir.
Admitimos que no meio desta experiência, que também é visual, Shion Sono
se perde um pouco na sua intenção. Mas culmina de uma modo tão pungente,
confuso e perturbador numa história tão bem liderada que, de fato, há muito por
onde perdoar.
FONTE: splitscreen-blog
Se me perguntarem “diga um filme que bagunçou
com a sua cabeça recentemente” eu respondo: Guilty of Romance. Os comentários
acima refletem muito bem do que se trata o filme, eu não tenho muito a
acrescentar, exceto minhas próprias sensações. Esse é um filme bonito, mas com
algumas atuações caricaturadas demais, uns planos ótimos, iluminação em algumas
cenas incrível, mas em algumas outras sofrível. O filme tem seus altos e baixos
de direção, mas no geral eu gostei bastante. Fiquei impressionado com as
reviravoltas da história, fiquei feliz, fiquei triste, enjoado, perturbado.
Absorvi bastante as emoções do filme, e por isso o filme foi incrível para mim.
Esse ainda não é o melhor trabalho do diretor, abordando o quesito técnica, mas
esse foi o que mais gostei. Toda a paixão, a loucura, a liberdade, a expressão –
vida – de suas protagonistas e o nojo da sociedade por quem vive à margem,
sendo que a própria se beneficia da sujeira da sarjeta onde escória se encode e
faz ninho.
A cena em que a mãe de Mitsuko expressa toda a repugnância
pela filha à um estranho foi para mim um ponto alto, altíssimo. Fiquei em
silêncio, lendo e admirando todo aquele ódio pela própria filha.
Eu gostaria poder falar sobre diversas cenas, mas
não é para isso que vim. Vim para lhes trazer a insônia.
p.s. baseado em fatos reais
p.s. baseado em fatos reais
Nenhum comentário:
Postar um comentário